quarta-feira, 11 de julho de 2012

34°30'S/58°20'W

anotações no bar-café sem nome.


Acordei inquieta, com os lençóis revirados, horas antes do horário. Sonhei que buscávamos um lugar, e andávamos entre escadas, poeiras, quadros e tapeçarias e não o encontramos. Não era um sonho realístico, era uma animação, como quando criança.

Duas ou três frases suas não me saiam da cabeça de maneira alguma. Uma vontade grande de escrever e a incapacidade da folha de papel e do sol lá fora. Confessei que tenho talento para a obsessão, riu de leve quem não sabia disso? me achei previsível dentro desse vestido e meia-calça.

Criamos costume de fazer feira e escutar música na vitrola e nessas horas sempre me volta sua frase, cruel e debochada. Aqueles dois versos não me saiam da mente também. Revirando umas coisas achei uma dezena de cartas nunca enviadas, para pessoas que não posso mais endereçar nada; endereço mudou e metade do que disse não tem mais sentido.


Tive outro desentendimento mental com F, me incomoda o jeito que decide as coisas. Parece que oscilamos como uma febre nossa relação, mas estou contente de não ter dito nada, nem pedido uma conversa. Discordo muito do que faz, te digo isso e você responde calmamente que é uma questão cíclica, que depois tudo ficará bem. Acredito nisso, no fundo.


Recuso a saída, alego mal estar e ignoro suas recomendações médicas. Estou perplexa. Na volta entre o chá que me comprou e o livro que li todo o tempo denunciei meu cansaço dessa vida que não me cabe, não te cabe. Não quero parecer ingrata, completei.

Preciso completar aquelas duas ligações rápidas e saber como tudo está, longe de mim e de você.