quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Volta

Então me deu muita vontade de te ligar, mandar uma carta, não sei, procurar por você no seu bairro e falar para que voltasse. Que esquecesse tudo, que eu só te queria ao meu lado, sem importar circunstância ou clausula: topava tudo. Pra ver o sol nascer na curva do seu pescoço, para perceber seu humor que muda, para seguir seus pés trêmulos na cadeira alta que não chega no chão.

Que lembrasse de quando o corpo colocou-se na frente do sol, do fim do dia, das inúmeras possibilidades restritas pelo calendário na parede sem reboco e que coloríamos tudo com uma juventude irresponsável. Que lembrasse das mãos que percorriam os corpos como um mapa celeste em giro, como se fosse impossível outro mundo e possibilidade.

Que voltasse, não só para ficar, mais para ligar a vitrola, despejar tintas, ficar no meu corpo, me tirar da vida colocada na mesa junto com o arroz e feijão.

E a resposta que veio não foi sua, mas da vitrola que canta alto alto e alto entre um chiado e uma dor volta, vem viver outra vez ao meu lado.