segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

pequena viagem à praia

Então você chega como a primeira onda de vento na serra da praia quando a gente tá dentro do carro abafado, condensando a juventude e os corpos que se querem mutuamente, e as inúmeras piadas sobre as leis da física e os corpos que se atraem, e alguém abre a janela e os cabelos todos se juntam e o sorriso fica mais fácil, e duas mãos se encontram, e duas pernas peladas se encostam e os sorrisos brotam como as samambaias na serra que descemos entre cigarros, cervejas, sorrisos e o barulho do vai-e-vem dentre as curvas, do seu corpo e da serra, e das ondas que assim como você me chegam, tão doces, e refrescantes e que fazem parecer que nada mais importa, ou importou; as insônias das madrugadas, o copo vazio na mesa do bar e o descompasso com o samba de dentro e de fora.

Sorri com os olhos pequenos e puxados, enquadrados pelos nossos cabelos que se misturam, encosta a cabeça no vão formado entre a minha e os ombros. E estacionam o carro no limite entre a areia e o asfalto quentes, bem onde fica nosso coração, e não nos importamos com as palmeiras e as crianças com seus baldinhos de areia e os castelinhos desmanchados pelas ondas do mar, e nos olhamos de perto, naquele ponto onde os quatro olhos viram apenas um, e rimos, soltas, alegres, e dentre suas pernas presa, sentindo o sol quente nos seus ombros e na altura dos meus olhos.


E não nos importamos mais se a chuva se arma sobre nossas cabeças, se os guardas-sol podem ser lançados ao longe pelo vento forte e se podemos ser devoradas pela imensidão azul, contidas dentre os braços de um abraço.