segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Paulicéia desvairada também se apaixona

Então você chegou, pé ante pé na soleira da minha vida. Abriu a porta devagar, bateu, dois toques secos, fortes e pontuais. Nunca soube que iria te querer ali. No começo era só por graça; te ver sorrir e acenar, logo depois já queria fazer a cama para você, te encher de abraços e esperar o sol nascer na trilha dos seus ombros.

Mal sei das suas cores, e pouco reconheceria de seu cheiro no meio da imensidão. Tudo sei do seu grito entalado na garganta e o punho em alto no meio da multidão, da sua gramática, da sua sintaxe, das suas pernas.

Desconheço se gosta de vestidos ou bermudas, se o vento do litoral te dá ou não aquela sensação de sexualidade recém descoberta, o que lê e onde se perde na biblioteca.

Mas sei bem que me enquadro na moldura dos seus olhos, e que seu lugar não é na sala de estar. Que a caneta se sente frenética entre meus dois dedos, que te acho na imensidão humana, e que claro,você é bem vinda, pode entrar. Nessa noite, Paulicéia Desvairada, acelera o carro e também se apaixona.