quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Jatobás e alfaces.

E lembrava no meio do impasse que tinha de virar passe que não era hora de plantar alface, e sim jatobá. Lascava a unha ao meio e pensava plantar jatobá. Mas não estava indo plantar nada, e sim tentando se livrar de qualquer coisa que não sabia o que era. Era só uma fuga. O filete de sangre do dedo, e plantar jatobá.
De tudo pra trás, e tanto tudo que nem em mala cabia; aquelas fotos do ano passado, que nada mais ou quase diziam, aquilo que de lembrança converteu-se em trauma -assunto de terapia-, e de esperança que não nasce, nem brota em flor, comprava os bilhetes para um longe, território neutro em campo de batalha, buriti no sertão.
Agora com uma dor estranha na garganta tentava fazê-la passar pensando que não era época de plantar alfaces, e sim jatobá. Vinha umas ondas de medo de plantar sozinha, e outras de muita raiva tentando abandonar tudo e até a si mesma, que nem sabia se era tão si, tão sujeita, tão ego. Era um nada e tava mais amassada e destruída que as folhas da alface na sacola do supermercado quando se esquecem e colocam os tomates e cenouras em cima, tão murcha quanto alface esquecida na geladeira. Não era jatobá, não nasceu para jatobá. Não podia se abandonar, porque não tinha abandono. Não era raiz, caule, tronco, folhas. Nenhuma energia rumo ao céu. Nenhuma travessia atravessada. Era um solucinho cósmico, querendo chorar abandono.

Em torno da estrada só haviam eucaliptos. Nem sinal de alface, ou jatobá.