segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lugares Comuns

Era um meio termo do dia: já se passava das 12h e o sol começava a descer um tanto, na altura da copa das árvores que viam por cima da construção em que se sentavam e fumavam.
Ainda que uma estivesse de saia e a outra em horário letivo e nenhuma devesse cair na tentação do tabaco: sentaram no chão e fumaram.

Entre a curta distância, uma redação escolar bem sucedida acerca de vinis empoeirados e os sofisticados artigos musicais regulados pelas ondas eletromagnéticas, os quais nenhuma das duas sabia muito bem como lidar; despejavam-se infinitas palavras típicas do gênero falado: nada planejado. Nada hierarquizado.

O sol ao fundo, o ponteiro das horas, as crianças no parque, a fumaça e elas.
Elas. Personagens do cenário que tanto esperaram por tanto tempo. O sol que ilumina, mas não aquece, nuvens, flores clichês, e a possibilidade de não molharem os pés, ou meias.
A possibilidade da fusão do mundo interior com o exterior.
E assim estavam: elas e o cenário. Cercadas pelos cigarros, denuncias, signos, crianças que corriam pelo parque. Depois de tudo dito, e do que ainda era cedo demais para dizer, e só seria hora quando acabasse finalmente, entre uma casa pré construída que podia ser uma boa biblioteca, ou um bom lar para ambas, confessaram a felicidade da presença.
Envergando os ramos, lado para o outro, as árvores, testemunhas oculares dos fatos, foram desviadas e assim saíram as duas: de mãos dadas pelo fim da metade do dia.

Uma para a aula, outra para 32 km de distância.


Fim do lugar comum.
(23/08/2010)