Ainda que uma estivesse de saia e a outra em horário letivo e nenhuma devesse cair na tentação do tabaco: sentaram no chão e fumaram.
Entre a curta distância, uma redação escolar bem sucedida acerca de vinis empoeirados e os sofisticados artigos musicais regulados pelas ondas eletromagnéticas, os quais nenhuma das duas sabia muito bem como lidar; despejavam-se infinitas palavras típicas do gênero falado: nada planejado. Nada hierarquizado.
O sol ao fundo, o ponteiro das horas, as crianças no parque, a fumaça e elas.
Elas. Personagens do cenário que tanto esperaram por tanto tempo. O sol que ilumina, mas não aquece, nuvens, flores clichês, e a possibilidade de não molharem os pés, ou meias.
A possibilidade da fusão do mundo interior com o exterior.
E assim estavam: elas e o cenário. Cercadas pelos cigarros, denuncias, signos, crianças que corriam pelo parque. Depois de tudo dito, e do que ainda era cedo demais para dizer, e só seria hora quando acabasse finalmente, entre uma casa pré construída que podia ser uma boa biblioteca, ou um bom lar para ambas, confessaram a felicidade da presença.
Envergando os ramos, lado para o outro, as árvores, testemunhas oculares dos fatos, foram desviadas e assim saíram as duas: de mãos dadas pelo fim da metade do dia.
Uma para a aula, outra para 32 km de distância.
Fim do lugar comum.
(23/08/2010)