Mas falavam que esse tipo de amor não vale, o amor todo mundo tinha de ver, e ela que gostava era de deixá-lo caladinho, de ir entregando-o em caixas, que não sabia estender o braço para o objeto amado, nem descrevê-lo com as linhas das belas cartas românticas, ficava de olhos bem abertos olhando para o teto, em uma tentativa de pensar que seu amor existia sim, existia.
E então era, entre essa vesga de luz, entre seus dois olhos bem centrados e entre o coração cardíaco, o rememorar das palavras jogadas soltas, tolas, pelo ar, no meio de sua insônia que pensava, mesmo fraquinho, que amar não era filme de tv, não era cascata de rosa; era aquilo que doía de manso dentro da gente, o que ganhava mais dimensão na batida do pandeiro e rasgava o peito quando os dois olhos, sempre atentos, se davam o direito de dormir também.