sexta-feira, 30 de julho de 2010

Responsabilizando-se;

E tomava como se fosse responsabilidade sua a loucura alheia, e cada sintoma de desvio do senso óbvio. Adotava os transtornos alheios como uma mulher caridosa, que não sabem de sua procedência, ou o tanto que a vida marcou a palma das mãos. Também porque ninguém mais repara nas palmas das mãos, e se o fazem nas rugas da testa é com o intuito de discutir o porquê do não-uso dos avanços que a humanidade conquistou a duras penas. E era assim que ela colecionou os traumas todos.
Mal podia ver uma pessoa se descontrolando e tomava como se fosse seu aquela dor, o transtorno, e logo depois transbordava toda a insanidade que o ser humano tentava esconder no day after Day. Mandava cartas aos seus loucos, recortava artigos importantes: informava-se.
Buscava os inusitados, aqueles que não recorriam ao Prozac, mas à caixa de giz. Aqueles que buscavam os papéis, famintos feito traças. Aqueles que se jogavam sem pudor dos altos prédios e viadutos da cidade.
De certa forma, se responsabilizando pela loucura alheia, responsabilizada. Cada gota de insanidade. A insanidade da leveza, que se comove com margaridas, a insanidade dos que dançam pelos salões festivos, a insanidade de todos que ainda vivem, que ainda exalam qualquer coisa que a ciência tenha nos feito acredita que exalem.
Um pouco mais responsável a cada dia que passa.