Sim, agora que o dia surgia entre as árvores da cidade que hipoteticamente não tem verde, e ela ia descendo a avenida se lembrava das manhãs sentadas no meio fio da imobiliária com seu amigo, ou dos dias em que dançavam no meio da rua algo há muito perdido, lembrava-se sentada dentro do circular dos dias em que brincou de playmobil, fez musicais dentro do onibus escolar, segurou a mão dos seus amigos, ou até mesmo dos dias que sentou-se sozinha naqueles 45 km escutando a música no volume mais alto querendo algo novo. E veio, claro, agora tinha o 'novo', e o que fazer? Claro, seguia andando era só isso que deveria fazer.
Agora sentada nas sala de aula lembrava dos seus professores, dos seus colegas. Tanta falta;falta das tardes nos gramados, dos interclasses gritando louca na grade das quadras, dando colo. Sentia falta das brigas, das polêmicas, dos desentendimentos. Sentia falta, sobretudo, de se mostrar, de ser o que era mesmo;mulherzinha. De chorar nos braços de alguém, de contar seus casos de amor, de rir na praça ao sol ou de contar estrelas a noite deitada na grama cantado hakuna matata e janis joplin fazendo planos, planos.
Das tardes comendo brigadeiro e vendo filme, dos dias de cansaço pleno, dos dias em que havia se escondido em si, do dia em que dividiram um unico pedaço de bolo pela última vez em que estiveram todos juntinhos numa toalha no chão se despedindo numa avenida, todos de mãos tão vazias e corações pesados.
Acho que isso que a menina sentia, mais do que amor, era sobretudo, companherismo, saudade, afeto, devoção, um querer bem que não se basta em si.
Post para: Bebel, Malcelo, Little e Andrei.
Amo tanto vocês, vocês não calculam a falta que me fazem.