sábado, 24 de abril de 2010

Gradativamente

Seu cheiro ia aumentando no meu travesseiro conforme se passava o tempo desde que eu te expulsei da minha cama; não.
Na verdade seu cheiro ia mudando no meu travesseiro desde que eu te expulsei da minha cama, e, nesse dia, em que coloquei fronhas limpas e novas, a noite já tinha novamente o cheiro da Menina Distante Fria e Incompreensível, que depois mudou para o da Menina Carente e Incompreendida, tornando-se depois na Menina de Coração Nos Olhos Alegrando Meus Dias, A Menina de Cheiro de Morango, a Menina que Usava Muito Creme de Pentear no Cabelo, a Menina que Era Minha.
E eu, agarrado à fronha do travesseiro dormia embalado na sua presença doce sem ousar mandar lavar novamente a roupa de cama, me apegando cada dia mais no cheiro que emanava entre lençóis-travesseiros-cobertor e me perguntava se ainda lembrava do meu cheiro, um cheiro que existiu somente para te alegrar entre meus braços&pernas.
Mas agora já era muito tarde e eu, acalentada entre seu cheiro, que foi a única coisa que não consegui por p'ra rua com a mala de mão, ia devorando aos bocados meu coração.