Ela já sentia a perna dolorida agora ao se esticar em pé na cozinha, descalça, pisando de leve pela sujeira que ia derrubando no chão enquanto cozinhava. Ela já não chorava ao descascar cebolas, e quando o fazia, se o fizesse, acharia que era por outro motivo. Ela já não roia as unhas, não por ausência de nervosismo, mas por ter desistido de ficar apreensiva. Ela já não fazia pedidos ao ver números repetidos, nem pegava com o indicador os cílios que caiam fechando forte os olhos e mordendo o lábio para fazer um pedido, nem assoprava as velinhas do bolo com vigor, não por falta de ter o que pedir, mas pela descrença em acreditar.
Ela já sentia seu coração em coma.