Você sabia que antes, bem antes de tudo, antes até do Império Romano, assim que nascia um bebê era plantada uma semente, e aquela árvore acompanharia para todo o sempre esse ser que tinha acabado de nascer? Pois é, era assim que era feito, quando eu nasci queria que tivessem plantado uma castanheira, não sei dizer porquê, mas eu queria uma castanheira para me acompanhar, é, verdade, carvalho também era bem bonito mesmo, e hoje o seu carvalho comemoraria, também, 17 anos. Seria bonito, parece que quando estivéssemos com nossos problemas e fraquezas iríamos olhá-lo e perceber que também somos aquela energia que brota do chão rumo ao céu, porque, por mais que tenham nos dito que árvore é raíz-caule-folha-flor-fruto, sabemos que ela é um broto da Terra, de Gaia, que nem a gente.Mas eu nasci e você também em uma sociedade patriarcal, não matriarcal, que tem um Deus onipotente e ocioso, que mais parece uma velha fofoqueira.Ter essa arvorezinha daria mais força em todos aqueles dias que temos de ser Fênix. Mas, sabe, eu só queria dizer nessa lenga-lenga toda; feliz aniversário. E te desejar toda a felicidade do Mundo, todas as coisas lindas e boas e, sobretudo, que você nunca esqueça que viver, ah viver, é lindo, muito mágico mesmo, abrir os olhos todos os dias, ainda que a cruz vezououtra pareça ser pesada demais, pisar na grama molhada, se apaixonar, usar vestidos brancos rendados, o vôo das abelhas, os corpos que se encaixam, nossas dores de mundo líricas; eu te desejo tanta literatura nos seus dias, eu desejo que não precise morder os lábios para desejar nada, eu te desejo um braço pela cintura e muita juventude, isso, sobretudo; juventude. Pra acreditar no amanhã, pra ver que o ontem morto valeu a pena, pra cometermos nossos erros e quedas mulherzinhas, pra chorar fraquinho no travesseiro e se contorcer ao som de um blues na vitrola, com os olhos cheios de lágrimas nos sentindo traídas pela vida. Muita coragem, mas, sem o clichê e lugar comum de coragem; mas aquela coragem que dá espaço para pedir um colo e chorar agarrada em alguém, que nos deixa ir para a cama querendo abrigo e proteção, aquela coragem que faz a gente engolir a comida quando tudo tá entalado na garganta.
Depois de tudo isso, deixa eu te dizer uma última coisa; eu te amo, muito. Parabéns.