sábado, 12 de dezembro de 2009
-Me diz, agora, o que é que você tem. E não fuja de mim, não vira o rosto e não chore, engula essas lágrimas, entendeu?Vai fala logo que eu não tenho mais paciência com você, acabou tudo, tudo e você só sabe me deixar com esse amargo na garganta, com essa náusea, com essa desgraça na fala. Eu cansei da poesia, entende?Cansei, eu quero é agora um punhado de areia na boca e que me fale, de uma vez por todas, todas as coisas que nunca, nunca, disse para mim. E se eu pudesse claro, que eu te agrediria; muito, até te ver no chão. E dessa vez, dessa única vez eu não vou pedir desculpas depois, não vou me arrepender, ou voltar a traz. Eu estou te jogando fora, ainda que isso me custe a poesia. Porque não dá mais para viver de malabarista, sem dom para circo, não dá mais para viver de migalhas com esse apetite, não dá mais para viver esperando que tudo um dia melhore; eu quero a melhora agora e se não tiver, cansei de esperar as flores nascerem na janela, cansei de esperar para as lagartas virarem borboletas; você entende que eu cansei?E que eu não sou de ferro?
