"E agora-agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas-mas eu também?!- não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim."
A frase no papel amarelado do livro escrito com a letra apressada no chão da calçada- nossas eternas e poéticas calçadas- lembra do dia em que te mandei sair de vez da minha vida, te mandei seguir em frente com sua calçada? Já que queria me explicar por a mais bê que estavamos em lugares diferentes?
Agora não sabia o que você queria dizer com todas essas coisas, nem conseguirei saber, pois você nunca leu nada que escrevi mesmo, logo nunca saberei porquê escreveu essa frase. Será que você vai morrer para mim? E que daqui a anos será uma completa estranha nas minhas memórias, sem lugar, sem espaço e quandos meus filhos perguntarem na foto "quem é?" o que eu direi? E terão fotos ainda, ou um dia será tão inútil que vou deletá-las do arquivo?
Você me deu coisas lindas, materiais e espirituais, não posso negar. Construímos muitas coisas, e desmanchamos -mais ou menos não saberei dizer.
Confesso que não pretendo ler o livro que me deu, parece que é bom mantê-lo em segredo, em mistério. Não temos assuntos não resolvidos, não temos problemas na folha, mas temos aquelas reticências todas as manhãs, e aquelas situações constrangedoras, mas não sei dizer qual seria.
