
“Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta”.
“As coisas caem dos meus bolsos e da minha memória: chaves, canetas, dinheiro, documentos, nomes, caras, palavras... Eu ando de perda em perda, perco o que encontro, não encontro o que busco, e sinto medo de que numa dessas distrações acabe deixando a vida cair”.
“Dormirás tranqüilo, aninhado no conforto da falta que eu te faço. Morrendo devagar, partícula a partícula... Os teus órgãos arrefecem - há quanto tempo não te arde o coração?”
