
Por que você
não deixa que eu
cante aquela música
que escrevi e
nunca escutou?
E, já que andamos
a tanto tempo
de pernas coladas,
por que não deixa
que elas se colem na
calada da noite,
quando só tem
necessidade,
o ser necessário?
Por que você
não deixa que os lábios
se encontrem novamente
e dance, tal qual o
tango argentino, que
nunca me deixou
ensaiar?
Por que me vê pela janela
do trem, com um vindo
e um partindo,
e eu ficando nos trilhos
por tentar ficar nos dois
lugares?
Por que fica calada
se só interessa
o silêncio mudo
da calada da noite?
