Todas essas pequenas dores, pequenas belezas de versos e prosas, pequenos desânimos e emoções estavam todas acomodadas, paradinhas, e quando menos percebi chegou você abrindo tudo;malas, caixas; derrubando prateleira; quebrando vasinhos; tirando minhas agulhas, linha e pano, tecendo, tecendo, tencendo; colocando música na vitrola; invadindo o pouco sonho que restava. A reviravolta, do todo dissoluto no universo, meu coração batendo batendo batendo, e você indo sem nunca ter feito parte realmente; jogou tudo no ar e foi embora antes de ordenar a bagunça, antes de sequestrar e pedir todo o amor como fiança. E a lembrança do seu sorriso é o que fica junto com todo o barraco em desordem. Junto com a faca na cozinha. Junto com a cartela que ajuda a levantar. Junto com o café. Junto com as folhas e a caneta.
Mas não te culpo, nem me culpo, nenhum pronome pode ficar antes dessa palavra tão pesada, tão doía. Afinal, tenho culpa de ter te amado muito e você tem culpa de não ter me amado nada?