Não havia mais ninguém na cama, tirou o telefone do gancho não foi cortado, calçou os chinelos, pegou a xícara de café amanhecida esquecida na cômoda na noite anterior; nenhum bilhete de despedida, nenhum recado na geladeira. Era assim agora, e fim. Sabia que depois de tudo ia olhar bem, chorar com intensidade a noite, morrer, matar, lembrava-se claramente agora, sentada na cadeira olhando o Sol nascer, da última conversa você lembra daquela matéria de física do terceiro ano? que tinha as ondas e tudo mais, então, você parece tanto com aquilo; cheia de ondas e cristas. Então, tinha pego o costume de dizer 'então', mesmo sem conclusão alguma, mas nunca tinha uma conclusão, verdadesejadita.
Agora que já começava a falar coisas como avidaéassimmesmo-ascoisascomoelasãodepoisdachegadatemsempreapartida via que deveria ir para o banho, tomar um pasalix, dormir novamente, colar nas paredes os corações e deixar que desbotassem até que um dia não fariam mais qualquer sentido e ela mesma pudesse tirar com as mãos um por um colado em fita crepe barata branca.
Sozinha, então?Nunca tinha se dado bem assim, nem dessa forma, não conseguia, de maneira nenhuma, esse silêncio do seu próprio eu, e era por isso que precisava agora escutar música o dia todo, o barulho da televisão, ler, escrever e esquecer a si mesma, mesmo sendo a única compania.
Tanta saudade de tudo que teve, de tudo que nunca teve, de tudo que ainda perderia.
Tanto, e de tanto, tanto: vazio.
