Estava realmente triste e olhava seus pés e mordia seus lábios impedindo as lágrimas de brotarem, segurava a mão dele com certa força e carregava a bolsa a tiracolo, o que tinha acabado de acontecer? O que tinha sido aquilo? Acho que seria, sempre e para sempre, a preferida e estava largada então? Pensava em sentir raiva, em sentir um ódio que queimasse e estancasse a dor. E todas as vezes vinha a mente aquela memória, a mais doida de todas, a única imperdoável, capaz de quebrar tudo, tudo e cristalizada.
-Finge que estamos conversando animadamente.
-Por que?
-Finge!
Tinha dito tudo aquilo, ridiculamente, ingenuamente, Como fingir alegria com lágrimas nos olhos, será que tinha percebido algo? E lá vinha ela agarrando a outra, que tinha esquecido dela por meses e meses a fio e, agora, a roubava, e pela primeira vez passariam lado-a-lado e nem se cumprimentariam, nem se abraçariam; desconhecidas que se conheciam a muito tempo. E não podia chorar não devia chorar e chorou? Não lembrava mais se tinha chorado.
Algum dia chorou?
Estava agora chorando?
