sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Ameixas.
Temos situação tão parecidas ela me disse começando a beber seu café, me tirava do sério o costume da meia frase interrompida, temos? Sim. Quando eu te conheci você estava com um amor lindo e único, e eu estava tão triste, acabada, me matando e apoiando na literatura e veio lá você naquele ônibus de blusa e jeans, bolsa tiracolo, mascando chicletes e sorrindo metade para mim. Mexendo o açúcar eu só queria era saber a semelhança disso tudo, e ela enxia a xícara mais uma vez e só falaria depois de esvaziá-la, tinha vontade de mandar que falasse tudo de uma única tacada. Depois você terminou, ficou tão triste e quando eu desci no ônibus você tava apaioada numa pilastra, cigarro na mão, acho que era seu primeiro, né? e não sorriu, me abraçou e pegou a mão, a partir dai ficamos igualzinhas; tudo que me acontecia, tinha contigo e nossos textos algumas vezes até pareciam paródia uma da outra, né? É, acho que sim.A gente até se amou muito, a gente ainda se ama mesmo, mas lembra da paixão que fazia a gente ficar a noite toda acordada lendo e se amando? Depois você cansou, né? Não, verdade, você foi estudar. Mas a gente ficou parecida ainda, e agora te vendo chorando e tremendo para pegar o seu café, e achando que vai morrer por ela, te digo: mais uma semelhança, já morri uma vez. Vai ver, vai virar uma muher linda quando isso acabar.
