Despertava de um sonho colossal, na qual foi, por tanto tempo, reflexo de espelho. Esticava os braços, os pés calejados faziam-a mancar, mas resistiria. Estava liberta do casulo, borboleta frágil. Os olhos seguiam-a por toda parte e podia acompanhá-los em primeira pessoa. Pontuava-se tudo, seguiam-se canções e malabares.
Está era ela.
Reparou no verbo na voz passada para dizer como estava, então esse não era ela, um equívoco da sua doce língua?
O gosto das acácias e o cheiro dos morangos na pele faziam a relembrar de quando esteve embreagada em um sonho, sonho que não há era.
Despertada, finalmente.
Via-se frágil, doente, louca, não mais via..
Quando o reflexo era desimportante e tudo que significava algo, realmente, era aquilo que sentia, já que somente aquilo era real; seus pés, seus joelhos, seu umbigo, senhor das vontades, seu coração, seu coração, seu coração. A mente.
