domingo, 12 de abril de 2009

Vazio

É como uma sala de cinema vazia, daquela sessão que você pretendia ir acompanhada. Que seus passos ecoam, ainda que haja a solidão consegue-se ver um fragmento de prazer naquele vazio de mais de duzentas cadeiras (seria essa quantidade mesmo?) Não valia a pena contá-las. Era como a saudade, o vazio, a tristeza; uma quantia imensurável cabendo dentro da alma, sem quantificações.
O velho papel, e a caneta seca dispostos na escrivaninha sem qualquer raciocínio da noite passada, nenhuma mais idéia? Os antigos resquícios guardados em uma gaveta mental esquecida, perdida, apagada, incinerada que, obviamente permanecia intacta, inviolada. Como os sentimentos prematuros daquela primavera ultrajados com a chegada do triste verão.
Uma peça de teatro sem público, drama grego, atemporal, dos mesmos dramas de outrora.

Quem sabe houvesse, realmente, uma fagulha da antiga performance quente e letrista nas linhas.Um vestígio do antigo melodrama; tantos adjetivos, metáforas, inversões para, simplesmente, dizer que lhe faltam palavras, textos, crônicas, tempo.