
Tomo, lentamente, consciência das minhas partes e são das mais básicas; boca, nariz, mão, cabelo. É estranho como em um momento tomam forma, parecendo que não existiam antes e agora estão ali, mas no fundo sei que sempre estiveram, pois seria muito estranho não ter tido boca por 17 anos.
Com os órgãos internos é a mesma façanha; estão lá, sei até suas delimitações. Mostram-se de forma dolorida.
Há um que sempre soube que existia, dizem que fica no meio do peito com a ponta voltada para a esquerda, -talvez traços de uma encarnação socialista- sempre soube que havia. De formas boas ou dolorosas.
Está ele ali todos os dias e lhe sinto, lhe sei as formas, o ritmo. Ah percussionista nata, só pode ser.
