Tinha de ir no bar-café de sempre e ver gente fumando cigarro, sentir aquele pontinho no pulmão que sempre doía quando fazia isso.
Fugir dessa e ir em outra, a escritora que é mais cheia de si, mais controlada e evasiva, assim esqueceria dessa pequena tortura que é a distância e o dividir.
Escreveria páginas e páginas do meu caderno com aquela letra de desespero, e depois dormiria, levantaria as 18:30 e você já estaria aqui e fingiria que nada aconteceu.
Não o faz, gostaria de ter companhia. Tenho evitado sair com seus amigos boêmios, consideraria uma traiçãozinha leve rir e sorrir para outras pessoas.
Não havia ido a rave em Curitiba, nem ao Bar em Copacabana, nem na Paulista; afinal eram planos para terem sido feitos com sua metade.
E agora sentia medo, pois talvez fosse a única incompleta da história, tinha medo de sentir dores nas antigas cicatrizes, de chorar pelos mesmos motivos de sempre.
Sentiu vontade de acender um cigarro, ler um livro, beber, puxar o gatilho. Morreria feliz.
Não o fez, talvez fosse importante.
Talvez o gás do fogão, por um infortúnio da vida desencadeasse um incêndio e assim livraria-a dessa vida que levava. Pros infernos a quanto tempo nem cogitava mais essa ideia desesperada?
Estava desesperada novamente?
Através de uma janela viu seu reflexo, e viu que estava a brincar de esconde-esconde consigo mesma e que jamais se acharia.
