sábado, 27 de fevereiro de 2010

É que liberdade é um tipo de solidão, entende? Passar horas e horas com seus próprios corredores internos, os labirintos cavados e fazer novos túneis e passagens, intrinsecamente você. Não vale a pena, claro. Há menos de um ano eu não sonhava com a carta de auforria, mas ela chegou e eu fiquei assim, ter a si mesmo e não se dar para ninguém é o ápice de uma solidão que faz estragos em todas as partes, uma faca de dois gumes; auto conhecimento, vontades, e desejos, descrédito, desesperança. Viver não vale a pena, não vale essa escrita, não vale ter de abrir os olhos todos os santos dias, inclusive os feriados, ah, não vamos citar o poeta tudo vale a pena se a alma não é pequena, porque, veja bem, ele se fez em trezentos e tantos! Trezentos e tantos, para suportar tudo, para dar conta, e ainda vem me dizer que valia a pena? Queria ver ele e ele mesmo horas a fio da madrugada, esperando um telefone tocar, esperando a morte ou a cachaça o que viesse primeiro, sabendo que o mesmo samba da festa é o do cortejo, queria só ver, só ver.
E agora que eu to aqui ruminando tudo isso, como uma vaca no pasto, ela tá lá correndo entre flores e bosques e o que me sobra, entenda que não e nada pessoal, é uma vontade louca de me fechar em mim já que sempre me sobra depois das 10 uma solidão de morte, uma nausea interna de ter a mim mesma e não haver outra saída, então, sabe essa porta aí que tá escorada, abre e sai. Que eu cansei de ter alguém sempre na sala de estar sem nunca ir para meu quarto.