Tinham se conhecido na escola ainda, e o amor foi surgindo nos muros que a cercava: aquele beijo no portão, outro na muretinha, um em cima de uma pixação. Diferente de todos aqueles relacionamentos que nunca chegam a sair do portão, de resistir as oscilações da vida, este havia durado; já faziam 6 anos de relacionamento quando decidiram casar-se como mandava todo o figurino, o sonho dela, a felicidade dele.
Em uma dessas mudanças da vida, nem tudo tornou-se um mar de rosas; as floreiras secavam, e por preguiça desistiu-se delas. O carro enguiçava, brigava-se pela toalha na cama, atrasos, falta de diálogos, comida queimada, vizinhas em casa, bagunça das crianças na sala, amigos dizendo para terminarem, mãe falando para voltar para casa.
Cada um deles fez suas malas e despediram-se: sem dramas, sem traumas para a filha deles; dia de semana com a mamãe, finais de semana com o papai, entende, amor? E foi assim a melhor forma de levar a vida.
Era a casa antiga e o apartamente novo, muita educação e gentileza, nenhuma intimidade. Os anos se passaram assim, dessa forma. Na verdade muitos anos, a filha já tinha idade para querer passar o ano novo com os amigos, e a mãe decidiu-se em passar na praia.
Ao estacionar o carro naquela antiga praia, o cheiro de tudo a lembrava da primeira férias que ela e seu ex desceram juntos para o litoral, em um ônibus, sem muita grana; e agora ela ali; carro novo e sem ele. Não era dia de pensar em tudo que se passou, aquela tinha sido a única solução. Não era? Viu que alguém parava ao seu lado e era ele: Carlos, seu namorado, amigo, marido e tinha se transformando totalmente em ex?Ele a olhava fixamente nos olhos, a puxava pela mão e ela deixou-se guiar; confiar? Já estavam com a água cobrindo os joelhos te amo. E com as ondas quebrando nos dois, lavando todo o passado e o sal purgando todas as situações passadas; reconciliavam-se. A vida não precisa de juízes a questão é sermos razoáveis, e por isso voltou porque sempre o amou.
