Agora com o sol e o vento envolvendo seu corpo ela erguia os cabelos e os braços deixando ser levada, uma vez mais, por tudo aquilo que não consegui ver, pois o que realmente gostava era de todas as situações impossíveis de serem vistas, aquelas que só eram por serem, mas que realmente não apareciam a vista alheia e ficavam recheando sua cabeça.
Veja bem que promessa é dívida, não é? Pelo menos é assim que a avó dizia e, já que o verão estava prometendo algo, iria esperar no correio por aquilo. A impessoalidade dos pronomes não importava, exatamente, agora. Pensou que não pensava mais nela, o que era um erro; sempre estava ali, tinha chegado a um ponto que até aquele sol queimando sua nuca e o vento beijando seu pescoço eram ela, os calos dos pés, a sandália começando a furar, ela. A saia de retalhos remendada, o cabelo despenteado, ela.
Era tão completamente dela que esperar algo para si consistia na felicidade em transformar no nós. O nós recebido também era bom, mas vinha pouco. Sentou-se no gramado e olhava de olhos semicerrados para o Sol desejando que, imediatamente, recebesse a surpresa que não vinha.
O ônibus parado com seus passageiros e os carros no semáforo denunciavam a chegada e ela vinha vestida em carmesim, olhos fundos, e sorria e ao vê-la soube, que era, exatamente, a minha grande promessa de verão.
