E agora com aquele aperto no meio do pescoço, que fazia sua cabeça pender para trás, tentava permitir-se perguntar à si mesma quais os motivos e para que serviam tantas coisas, o amor, o continuar, a felicidade para que ser tudo isso? E ao encher aqueles olhos com o tempero das 20 horas ela descobria que parecia muda, que não conseguiam escutá-la ainda que gritasse com todas as suas forças em plena avenida movimentada, talvez ela mesma não existisse. E era nessa imensa vontade de não existir que fitou seus braços não existe, não existe.Para que me serve existir? Amar? Buscar? O que eu busco, meu Deus? Ao abrir os olhos ela disse, novamente, não há. Podia ficar sentada naquela banqueta para sempre, esperando que, um belo dia, levassem a vida que nunca quis, que nunca coube nela. Podia aguardar, sentada, sem fazer barulho. Eu não existo, entende?
E tudo aquilo que brotava nos seus olhos caiam agora por todas as partes do corpo, do banco, da sala, da copa, da casa eu existo ainda, eu existo.Tá tudo para me provar que existo. Recomposta, conformava-se. Era irremediável, o maior fato irremediável que existia sua vida e agora entendia; resignada.
