domingo, 25 de outubro de 2009

Fiz as pases

Depois de pensar tantas vezes nesse momento, ele não aconteceu como previsto; na hora em que te vi, percebi, que ainda sendo quente&letristas, te dizer algo, ou escutar algo não seria necessário. As possibilidades de entendimento já haviam sido esgotadas, obviamente, se ainda houvesse algo você não teria andando tantas milhas para me ver; ficamos feliz com isso.
Em minutos estava tudo como sempre; o cômodo lotado de ponteiras de cigarro e fumaça, textos e papéis em todos os lugares, risadas, mamma mia, e olhares de cigana oblíqua e dissimulada tragando os nadadores para o fundo do mar.
Se das metáforas nascem amor, estamos repletos dele. Liguei na vitrola chico buarque e dançamos no chão, eu pisando nos seus pés e você sem saber onde pôr as mãos, ou com muitas possibilidades que na maioria das vezes são limitadas no corpo feminino pelas regras de etiqueta.
Recitamos Drummond, para não perder a literatura; você era minha literatura e eu a sua, e por ser nossa essências estavamos ali, estendidas, mais uma vez, juntas, paradas. E nos livramos dos apertos de gargantas da Gavea e da solidão de caminhos compridos, ainda que isso te remetesse a minha outra metade e chateasse.
Te fiz meu rascunho, óbvio, e você também. Na hora do banho, sua poesia escorria no ralo e a minha também, e isso tornava mais poético o momento de ir para longe de você.Olhou fundo nas minhas olheiras e disse, mais uma vez 'te cai tão bem essa tristeza, esse cansaço.

Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
que o melhor é ser pornográfico.