Querida Frida,
Não sei o que acontece com a vida, parece que inverteu de órbita e deixou todos de cabeça para baixo e pernas para cima. Ando triste, cansada. Andam tristes e cansados. Há vários problemas nas mesas e os travesseiros passam a noite toda ocupados com nossos eternos desabafos. Fagulhas de felicidade acendem, ás vezes, mas logo depois acabam. Sei que a felicidade está para chegar; ou usando de um antigo ditado o que não tem remédio, remediado está, mas a dor ainda não virou poesia, nem deixou suas marcas como lembranças, está aqui latente, está em todos os lugares. Não há nada a se fazer, e muito há se pensar; poderia, eu, partir agora com segurança, plena segurança, de não estar deixando meu tudo para trás? Será que me arrependeria? Não tem mais como delimitar meus problemas, os problemas deles, e os nossos, os vossos. Há apenas uma neblina que nos faz ficar cada qual em sua casa, vivendo sua vida, pensando em todos os outros.
Poderia transformar logo em poesia, mas não como me disse uma amiga se ainda não virou poesia é porque ainda tem que sentir certas coisas.
Frida, escrevi apenas para desabafar, mulher da minha vida.
