Minha menina está triste; sua tristeza vaza em meus papéis, das minhas canetas, nas linhas, agulhas e botões. Da tela do computador e pára na minha cama, no casaco que deixou comigo e o cheiro já está sumindo pelos ares do seu perfume de morango.
Não sei mais o que fazer, e somente você me entenderia, como sempre. Amo-a muito, muito, é indiscutível meu amor por ela, mas não consigo acender seus olhos, nem botar-lhe um sorriso no rosto que dure mais que um minuto sequer, como ela consegue fazer comigo. O que fazer, se o coração dos seus olhos estão opacos? Desconheço seus motivos; diz, às vezes, que é o de sempre, mas talvez tenha também algo a mais (ou não).
Aceitaria muito bem se arruma-se alguém, alguma mulher. Se tivesse que mudar de cidade, abandonar nossos planos e projetos, nunca mais a visse e deixasse de responder meus sms pelo fato de estar no braços de outra; aceitaria nunca mais vê-la, ser esquecida de tudo, varrida da sua vida, caso soubesse que nunca mais sequer lembrasse que já foi triste. Claro que choraria todos os dias da vida que me restasse, mas deixaria, faria suas malas, a colocaria no ônibus, se ela tivesse embarcando na felicidade, na plena felicidade que não posso lhe dar.
Fico preocupada com essa tristeza que a asola, que a cerca e a deixa imóvel à vida que corre à porta dela. Só gostaria que a mulher da minha vida fosse feliz, muito, não fosse triste nunca.
Espero a resposta e solução para o empasse, Friduxa, não consigo aceitar que a menina dos meus olhos, com olhos no coração se entristessa;
Da Ana que te ama.
