quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Gostava de sê-lo, mulherzinha como era, de sentir medo antes de dormir, de ter enxaqueca nas madrugadas, de segurar a mão para atravessar a rua e se enrubrecer para falar com estranhos.
Acreditava que sua poesia consistia em noites mal dormidas, lágrimas, canetas e folhas de papel e por isso sempre deixava uma parte reservada para eles, mesmo que a felicidade estivesse dominando seu corpo algumas vezes.
Afinal, as unhas roídas e a memória empoeirada das suas gavetas mentais sempre manipularam e formaram sua forma.
Gostava de saber que a subestimavam as vezes, de que sempre tratavam-a como se existisse uma dependência vagando em seu corpo por outro corpo, uma mulherzinha.